
“Letrux Aos Prantos” é o nome do novo disco de Letícia Novaes, a Letrux, cantora, compositora, instrumentista, atriz, escritora e maravilhosa, extremamente maravilhosa. Este novo álbum, com certeza, era um dos mais aguardados do ano, e chegou agora para arrebatar a todos. Minha ansiedade por este trabalho aumentou ainda mais quando, em janeiro deste ano, assisti ao espetáculo “Letrux – Línguas & Poesia”, onde pude conferir de perto todo o talento abissal, profundo e denso dessa mulher incrível.
Letrux também é conhecida por seus textões, e eu estou tirando proveito disso para fazer meu textão sobre seu mais novo trabalho.
No mergulho sentimental em que somos colocados em todas as músicas, deste e do antigo disco, sentimos sempre muito próximos a Letícia. Através das canções é como se tivéssemos uma ótima conversa de bar, ou uma noite de pizza e vinho e discos rolando na vitrola. Mergulho que está presente já na primeira faixa “Déjà-Vu Frenesi”:
“Fiz essa música dentro d’água, na Grécia. Banhada numa água MariaCallas & Platão, fui mergulhar e me baixou essa música. Psicografia musical aquática. Literalmente. Fiquei nadando, girando, cantando. Treco louco. Saí da água e corri pro celular pra me gravar e não esquecer. Chamei Clara Cosentino, escorpiana, para fazer esse primeiro clipe. Clara filmou “Noite estranha, geral sentiu”. Somos do mar, já nos curamos juntas e nuas em praias cheias de pedras, sem viva alma, inesquecível”, explica Letrux.
Depois de voltarmos do profundo, a canção seguinte “Dorme Com Essa” não nos tira completamente do aspecto melancólico, mas aos poucos vamos nos levantando. A terceira faixa “Fora da Foda”, tem a participação de Luisa Matsushita, a LoveFoxxx do grupo Cansei de Ser Sexy. A canção conta sobre alguém que foi chamado para um “sexo grupal”, mas que não participou como queria, sendo meio excluído e então faz uma reflexão sobre a situação, uma mistura de “Poxa, que pena” com “Eu não queria mesmo”.
“Eu Estou Aos Prantos”, música que, em partes, ajuda a dar nome ao disco, é um antro amargurado e aprisionado de frustações que permeiam muito da vida moderna no geral, coisas extremamente simples mas extremamente significativas quando se é privado de tê-las/fazê-las.
“Escrevi Eu Estou aos Prantos em 2018, ainda durante a turnê do Climão, mas tenho muita noção de tempo e achei melhor guardar. Fiz várias músicas e guardei no baú das emoções. Em algum momento, vi que estava me repetindo em temas lacrimejantes. Sou uma pessoa que estou na festa, no bar, mas que também gosta de ir embora, de ir para casa, de chorar e sonhar”, conta.
Passeando por estilos e ritmos que vão além de elementos mais conhecidos do eletrônico, chegamos à “Sente o Drama”, um blues muito evolvente que flerta com o pop e traz a parceria do grupo Liniker e os Caramelows.
CAPA

O trabalho de concepção da capa do disco é muito interessante. Letrux conta que foi ao ateliê de Maria Flexa, pintora que fez o quadro, e levou sua caixinha de som e colocou para tocar o concerto para 2 violinos em Ré menor do Bach (canção que desde criança a fazia chorar). O play rolou, e o choro também. Victor Jobim, namorado de Maria, a fotografou (analogicamente) chorando:
“Nunca tinha visto Maria nem Victor na vida. Mas chorei na frente deles. Chorei um bocado. Sempre fui chorona. E sempre me foi permitido ser. “Menina não chora”. Isso não rolava. Isso nos era permitido. E eu aproveitei. Choro de tristeza, de raiva, de horror, de gozo, de saudade, de alegria. Choro com vídeos de superação, luto, bichinhos nascendo, bebês aprendendo algo”, conta.
Depois foi a vez de Ana Alexandrino entrar em cena. Fotógrafa que trabalha com Letrux a um bom tempo, Ana fez o registro de Letícia segurando o quadro pintado por Maria. Pedro Colombo, outro parceiro, foi o responsável por conceber, finalmente, a arte final do disco.
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“Letrux Aos Prantos” é sentimentalismo profundo que vem de várias esferas, aspectos e tantas vezes vem de sei lá onde. O choro é reflexo da alma, seja de tristeza ou alegria, seja com motivo ou sem motivo. É tudo uma bagunça na realidade, um amontoado do que vimos, vivemos e não entendemos. Como Letrux diz na letra de “Abalos Sísmicos”: “acordei bem, mas o país não colabora…”!
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Ouça o Disco:
Letrux Aos Prantos | Ficha técnica ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Letícia Novaes – Voz
Arthur Braganti – Teclados
Thiago Rebello – Baixo
Lourenço Vasconcellos – Bateria
Natália Carrera – Guitarra
Martha Vasconcellos – Guitarra
Participações especiais: Liniker Barros, Luisa Matsushita e Lucas de Paiva⠀⠀⠀
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Patrocínio: Natura Musical ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Produção Musical: Arthur Braganti e Natália Carrera
Direção artística: Letícia Novaes ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Gravado por Rodrigo “Funai” Costa no Red Bull Music Studios (@Red Bull Station)
Assistentes de gravação: Alejandra Luciani e Éric F. Yoshino
Mixado por Igor Ferreira no Estúdio Do Amor, exceto “Vai Brotar” e “Fora da Foda” por Rafaela Prestes no Estúdio Frigideira
Masterizado por Ricardo Garcia no estúdio Magic Class ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Foto: Ana Alexandrino
Pintura: Maria Flexa sobre fotografia de Victor Jobim
Arte gráfica: Pedro Colombo
Styling: Luiz Wachelke
Assistente de Styling: Moema Maciel
Figurino: Ateliê Guto Carvalhoneto
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Produção da gravação: Juliana Arruda
Produção executiva: Laís Sampaio e Gabriela Nogueira Salles
Direção Geral: Laís Sampaio
Produção artística e agenciamento: ejaòkun produções ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Editora e distribuidora digital: Altafonte Brasil
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