
“Me Redesenho” é o nome do novo disco de Numa Gama. Oficialmente, o álbum será lançado apenas dia 24 de março, mas o Polvo já ouviu previamente e conta sobre o que esperar desse trabalho que foge à regra da música mais tradicional.
Nos meses de fevereiro e março, dois singles foram lançados: “Meio Caminho Andado” e “Twig People” (clique para ler). Ambos deram um panorama do que esperar, com todo o aspecto de experimentalismo que faz parte dos trabalhos de Numa Gama, com as sensações, ambientações e coisas do imaginário. Esta temática percorre todo o disco, muito rico em suas percepções do que pode ser feito além das coisas sonoras mais comuns.
Imersão
Substantivo feminino
Ação ou efeito de imergir, de inserir algo, alguém ou si próprio em líquido; submersão.
Ato ou resultado do processo de mergulhar alguma coisa em um líquido; submersão.
[Astronomia] Circunstância em que há desaparecimento de um astro, geralmente, encoberto pela sombra de outro.
Mergulhados em retratos e aspectos dos imaginários utópicos de Numa Gama, “Entre 1/2” (canção de abertura) já nos localiza em uma floresta. Floresta mágica habitada por coisas que não sabemos o que são, apenas somos capazes de ouvir e sentir a aproximação dos seres deslumbrantes e intuitivos que permeiam por ali.

“Cântico da Desbinarização” é uma ode ao ser. Não o ser humano, mas ao ser quem se é, além de rótulos e julgamentos. A canção também serviu de inspiração para a capa do disco, produzida por Stella Ismene, representando dois lados, um DNA, mas não a conexão com a forma biológica, como Numa disse:
“Agora que já sabemos de onde viemos e para onde vamos nessa viagem, é necessário desbinarizar, integrar nossas diversas partes para vivenciar essa totalidade. As nossas intenções são muito poderosas principalmente potencializadas por ondas sonoras, são capazes de modificar qualquer estrutura, inclusive a do nosso dna, nossos hormônios. Magia é real, só não vive quem não quer. Sempre incentivo a toda pessoa fazer sua própria música porque é uma das maiores ferramentas de transformação”.
Num ambiente aberto, arejado, ao som dos pássaros e toda a tranquilidade que a vida pode dar. É neste cenário que entramos ao escutar “Chapéu”, a terceira faixa do álbum “Me Redesenho”. Numa Gama conta que a música é uma memória viva de um dia que passou na cachoeira em Heliodora, em Minas Gerais, um lugar simples, porém repleto de detalhes que tornam tudo muito admirável e envolvente.
Veja a performance da canção Caminho Andado
“Sinking Ship” abre as participações do disco. Esta música é uma parceria com a artista sonora e dj alemã Sofie Soljanka, que assina suas obras como Sui. Uma viagem em meio a barulhos ritimizados e flautas englobadas em uma esfera alucinógena e desagregada. “Message” é outra parceria, agora com percussão re-gravada por Gabriel Lins, membro do Afojubá, grupo de maracatu de Berlim, guiado pelo mestre João Afojubá.
A canção “Lights All (Brega Estrelar mix)” já diz tudo só pelo nome, mas foi uma certa estranheza pensar em como Numa Gama juntou o experimentalismo ao tecnobrega paraense. Mas se analisarmos mais a fundo, a música pop paraense também é empírica, bebendo de diversa fontes da música global. Numa comenta sobre a construção da música:
“Um dia, experimentando com meu live, saiu um ritmo que me lembrou o tecnobrega paraense, me amarrei e acabou entrando pro álbum. As muitas camadas de voz gravei em Amatlán de Quetzalcóatl, no México. Já a letra escrevi juntando pedaços de textos de forma quase aleatória.
“Me Redesenho” é sobre identidade: de gênero, de música, de transformação e imaginação. São cenários sonoros que nos transportam para atmosferas insólitas capazes de nos introduzir introspectivamente às análises detalhadas de toda a conjuntura que se deu nesta obra de Numa Gama.

Para as performances ao vivo que virão após o lançamento do disco “Me Redesenho”, Numa Gama se apresentará ao lado da percussionista, cantora e produtora musical Larissa Conforto (ÀIYÉ) e do compositor, multi-instrumentista e produtor Cassius Augusto, embaralhando e reconstruindo a narrativa do álbum.
O disco sai pelo selo musical Voodoohop, coletivo que se originou como um movimento libertário de festa de rua em São Paulo e agora se encontra baseado em Berlim.
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