
“A Outra Banda da Lua” é o nome homônimo do primeiro disco desse grupo mineiro natural da cidade de Montes Claros. Eu fico realmente grato ao universo quando acabo conhecendo acidentalmente bandas como essa: com identidade, ritmo e raízes.
Por quase uma hora somos levados a percorrer caminhos, vielas, ruas, becos e mata fechada. Parece uma doidera, mas quando você ouvir com certeza vai entender. Isso ocorre pela pluralidade sonora que vai desde uma música brasileira bem popular até experimentalismo musical.
“Serra do Mel”, a canção de abertura, é originalmente um poema declamado pelo grupo Baru Sonoro, que foi transformado nessa canção que varia entre um sambinha gostoso com uma pegada roqueira em alguns momentos.
A música é luta, terra, origem e amor. Foi escrita em um momento em que a serra no entorno de Montes Claros estava sendo loteada ilegalmente para a construção de um grande condomínio.

A segunda faixa, “Desentoado”, é mais uma ode às raízes, mais especificamente ao sertão mineiro, o norte mineiro. Sobre o povo mais sofrido e batalhador, que muitas vezes é esquecido por não fazer parte das “Minas”. A música é ums composição do grupo Raízes, que muito influenciou A Outra Banda da Lua.
É incrível como toda canção é tão rica e singela. Talvez para algumas pessoas tenha muito mais significado do que para outras, mas para mim com certeza pegou de jeito.
Tudo é muito sobre o morar na cidade menor, no local mais afastado, na natureza, com os pés na terra. É onde eu me encontro e sou muito feliz, e você ouvir algo sobre o seu lugar traz um sentimento tão bom que é difícil explicar.
A canção “Na Roça” expressa isso perfeitamente com apenas duas estrofes:
“Eu espero você na estrada
Logo quando sair da Babilônia
Eu encontro você num pé de manga,
Chupando manga
Na roça, feliz
Na cachoeira, feliz
No meio do mato, feliz!”
Ouça a versão ao vivo da canção Na Roça
Vamos sair um pouco do mato, da natureza. A Outra Banda da Lua nos leva agora para os aspectos sonoros viajantes. Uma viagem da nossa mente até a “Lua”, quinta faixa do disco.
Explorando efeitos e distorções durante a música, entramos em estado de relaxamento e ao mesmo tempo a cabeça fica a milhão tentando compreender essa harmonia intangível.
Conforme você vai ouvindo o disco, é possível perceber cada vez mais a versatilidade da banda. É música brasileira, música popular, samba, mpb, boitatá e também rock.
“Somos de certa forma sertanejos (do sertão mineiro) e carregamos com a gente esse tempero por natureza que, aliado às referências universais da música que cada integrante traz para a banda, resulta nessa sonoridade. Como diria Guarabyra (uma das referências do Rock Rural), é muito mais um estado de espirito que propriamente um gênero musical”, conta Matheus Bragança.
A Outra Banda da Lua é formada por Marina Sena (também do Rosa Neon), Matheus Bragança (baixo e voz), Edson Lima (violão, guitarra e backing vocal), Mateus Sizílio (bateria) e André Oliva (guitarra e percussão). O disco foi lançado pelo selo Under Discos e tem produção assinada por Rafael Carneiro, do Guella Music.

Onde colocamos nossos pés não é nosso lugar. Onde fincamos nossos pés é nosso lar. De onde somos arrancados e tentam nos tirar da raiz é nosso lugar. O disco “A Outra Banda da Lua” deixa claro que o lar, seu lugar, na mente e no coração sempre estará.
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