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Lançamento | Alex Sant’Anna: Baião Amargo

Se envolvendo aos poucos no pós-moderno, Alex Sant’Anna trouxe verdade, expôs as vísceras em suas letras e sonoridades. “Baião Amargo” é amargo mesmo, ácido, picante. Contemplando todo o amarescente que vivemos hoje.
Foto Divulgação por Duane Carvalho.

Baião Amargo” é o nome do terceiro disco do cantor e compositor sergipano Alex Sant’Anna.

Baião.

[Regionalismo: Nordeste] Ritmo musical, tipicamente nordestino, difundido a partir de 1946 pelo cantor, compositor e sanfoneiro, Luiz Gonzaga.

Em seu disco, Alex Sant’Anna não trouxe apenas o tradicionalismo do ritmo nordestino, mas buscou também outras influências para tornar o trabalho mais denso e completo.

Confesso que pelo nome achei que seria o baião tradicional mesmo, mas para minha grata surpresa Alex Sant’Anna rompeu esse cordão, transformou tudo em um emaranhado de ritmos muito bem posicionados ao longo do disco.

Ao ouvir, você percebe a sonoridade muito mais plural, mais próxima da visão ampla da música feita após os anos 80. A faixa de abertura, “Por Um Clique” (que conta com a participação da cantora Diane Veloso), traz uma mistura de pop, rock e elementos eletrônicos, em alguns trechos me remeteu ao Nação Zumbi.

A viagem sonora também passa pela brasilidade com aquela gostosa mistura do balanço latino: tente não dançar ao som de “Bora Lá Bailar”. É envolvente, sensual e traz guitarras marcantes que ajudam a dar mais ritmo à canção.

Capa do Disco por Carol Patriarca.

De Tom Zé à Radiohead. As influências são múltiplas, apresentando uma estética sonora bem única. Guitarras e eletrônicos permeiam todo o disco “Baião Amargo”. Com conceito meio afrofuturista e bem pós-moderno, este trabalho me amarrou.

Amargo.

De sabor desagradável; acre: frutas amargas.

[Figurado] Repleto de dureza, violência; violento: repreensão amarga.

As letras, aaaaaaaaa as letras. Que letrista é este homem, Alex Sant’Anna eu te venero!

Sim, muitas vezes é um amargor sofrido com dores do peito, do que sentimos lá no fundo. Dores dos olhos, de tudo o que vemos e nos traz angústia. Emoções complexas que parecem ser apenas do compositor, mas não são. Ouça! Você também irá sentir tudo.

Alex Sant’Anna deu continuidade à exaltação desta estética cultural, filosófica e histórica, concebida na década de 1960, que traz o protagonismo do negro. Tudo transborda críticas sociais, dores pessoais e alheias, modernismos e alegrias também.

Esta Não é a Canção Que Você Merece”. Essa música com certeza é minha preferida e mostra muito bem toda essa aura que envolve o disco: a dor, a esperança, o descontentamento, o amor.

Ouça “Esta Não é a Canção Que Você Merece”

O disco “Baião Amargo” foi produzido por Leo Airplane com produção executiva de Nah Donato e Alex Sant’Anna, tudo gravado no DR5 Estúdio. O time de participações especiais conta com Isaar, Jaque Barrosso, Diane Veloso, Luiz Oliva, Marco Vilana e a cantora Karla Lamboglia, do Panamá.

Se envolvendo aos poucos no pós-moderno, Alex Sant’Anna trouxe verdade, expôs as vísceras em suas letras e sonoridades. “Baião Amargo” é amargo mesmo, ácido, picante. Contemplando todo o amarescente que vivemos hoje.

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