
“Clandestinas” é o nome do primeiro álbum da banda Clandestinas.
Natural de Jundiaí, interior de São Paulo, a banda já está na estrada há muitos anos, fazendo shows em sua cidade natal, na capital e no interior do estado, inclusive uma de suas músicas já tocou em uma rádio de Nova Iorque.
O grupo diz que: “Não somos artistas em busca de sucesso: somos militantes buscando espaço na cena musical para levantarmos as nossas bandeiras de luta”.
As bandeiras são a luta feminista e LGBTQI+. Com suas músicas, seus corpos e seus afetos, combatem o machismo, o patriarcado, a LGBTfobia, o racismo, o capitalismo e toda forma de opressão imposta pela hétero-cis-normatividade.
Há alguns anos lembro-me de ter visto uma apresentação da Clandestinas no Sesc Jundiaí, acredito que estavam bem no início da banda, e agora, ouvindo este disco, a evolução é extremamente evidente.
Em todos os aspectos da produção deste trabalho ficou implícito o empenho e dedicação, aliás a gravação e mixagem ficaram excelentes.
O disco traz uma variação de estilos, mas vemos muito presente o rock com influências de punk também, como na canção “Rotina”, que recentemente ganhou um Lyric Video produzido por Rebeca Konopkinas.
Veja o Lyric Video da canção Rotina
“É um álbum conceitual e algumas paisagens podem ser reconhecidas ao longo da travessia. Vozes ecoando inquietações feministas numa perspectiva interseccional, dores, abusos e denúncias por uma sociedade mais justa, formas de amar fora dos padrões hetero-cis-normativos, gritos de luta e resistência. E como a jornada é transformadora, os passos de quem a aprecia vão construindo, de forma autônoma, suas próprias veredas libertadoras.” Diz o texto de apresentação do disco escrito pela banda.
O disco “Clandestinas” não traz mensagens nas entrelinhas, é tudo muito claro, explícito! São verdades sendo expostas na nossa cara a todo instante. Esse é um dos poderes da arte, se manifestar sem rodeios, tornando a mensagem extremamente acessível a todes.
E são verdades cruas, absolutamente reais, que são vivenciadas por mulheres e LBGTQI+ o tempo todo, sim, o tempo todo neste país onde já não se vive mais, apenas sobrevive.
Mas o disco busca mostrar também que sim, todes merecem viver, principalmente quem está perdendo a vida de hora em hora.
Não são canções apenas por serem canções. Estão cantando o que são, o que vivem, o que as pessoas próximas vivem.
Mensagens poderosas sobre como sobreviver, sobre como lutar, sobre ter prazer, sobre poder ser quem é sem ter seus corpos objetificados, abusados e assassinados.

Do que adiantaria cantar e levantar suas bandeiras se você não vive aquilo de verdade. Por isso, em tudo que faz, a Clandestinas conta com toda a produção formada por mulheres e não bináries. Em seu primeiro disco, o time de peso foi formado:
Marianne Crestani que ficou responsável pela produção artística e mixagem. Helena Duarte com a gravação no estúdio Mestre Felino e engenharia de som, mixagem e masterização.
Aline Maria, parceira de longa data, participou na gravação em diversas músicas com o vocal e percussão. Luana Hansen mandou suas rimas na canção “Na Lua, Ana”.
Mariah Duarte criou e gravou a linha de piano na faixa “Nota Solta”. Emília Santos foi a responsável pela arte fenomenal da capa e Tati Silvestroni completa a equipe sendo a produtora da banda que é composta por Alline Lola (guitarra e voz), Camila Godoi (contrabaixo e voz) e Natalia Benite (bateria e voz).
Clandestinas é um disco forte e sincero. Visceral e cru. São sentimentos de ódio, dor, luta, amor, tesão, liberdade, esperança e tantos outros. Uma ode para quem veio antes e batalhou muito, para quem, infelizmente, já deixou esse plano, para quem está na resistência agora e para quem virá depois com a nossa esperança de que isso tudo já será um lugar muito melhor.
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