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Resenha | Alfamor: Onça

“Onça” reverbera a alma, os sentimentos, a essência de ser mulher. Tudo ainda é amplificado pelas sonoridades que se entrelaçam perfeitamente com a tônica do disco e fazem a gente assimilar tudo isso de forma afetuosa sem perder o significado.
Foto Divulgação por Ana Alexandrino.

Onça” é o nome do primeiro disco da cantora e compositora Alfamor.

Trovões

Uma tempestade se aproxima da floresta. Percussões se aproveitam disso e criam o início da paisagem sonora. Fogo, água, vento. Os elementos vão se apresentando, mas o principal deles é o som: a voz marcante de Alfamor.

A terra é lar. Às vezes doce, às vezes extremamente selvagem, às vezes devastadora. O que sempre nos faz mudar, ir de um lugar ao outro, por necessidade ou desejo. Os animais são nômades, o ser humano também já foi. Mas para nós, se encontrar em um lugar onde é possível ser quem somos se mostrou essencial. E Paola Alfamor conseguiu encontrar o seu lugar: a música.

Onça” é um culto. Culto à natureza, ao ser vivo, à liberdade, às escolhas.

Onça” é força. Força para encarar o inimigo, para devorar a presa, para se defender do invasor.

Onça” é a simbologia. Símbolo para representar a mulher e sua importância, seu ímpeto, sua luta diária.

As questões e reflexões sobre ser mulher, autoconhecimento, política e espiritualidade estão presentes por todo o disco, principalmente nas canções “Semente” (um desabafo escrito no dia da eleição do presidente atual do Brasil) e “Sábado Sangue” (que fala sobre a natureza cíclica da mulher, materializada pela menstruação).

Assista ao clipe da canção Sábado Sangue

Os ritmos de “Onça” são tantos, assim como ser mulher é ser plural para lidar com tudo o que sua existência exige.

Temos a ancestralidade, as batidas do atabaque, as percussões que representam mais que tudo o que entendemos por terra, origem. O afrobarroco, que é tão raiz do Brasil como qualquer outra sonoridade, está presente. Também encontramos o reggae e sua bateria ritimizada impecavelmente.

Algumas tonalidades puxam um pouco para o blues modernizado com elementos do pop. Também somos levados pelo penetrante ritmo latino que envolve nosso corpo e faz dançar. E não menos importante toda a delicadeza de um jazz cativante e insinuante.

O Disco

Capa do disco.

Onça” é uma obra sublime. Com todo o seu significado e entrelinhas, Alfamor conseguiu conduzir um disco excelente para o seu trabalho de estreia. Que honra ouvir esse álbum. Mas para tudo sair como o planejado, um timaço fez parte de todo o processo: Saulo Duarte (produção), Klaus Sena (mixagem) e Carlos Cacá Lima (masterização).

A banda (e que banda) foi formada por Thomas Harres, Klaus Sena, Mau, João Leão, Zé Nigro, Victória dos Santos, Sthe Araújo, Luisa Lembruger, Gabi Guedes e vocais de Camila Costa, além de uma parceria com o Poeta Arruda.

Onça” também tem participações mais que especiais. Bruno Capinan colaborou na canção “Babylon”. Já MãeAna e Arthur Braganti na faixa “Sideral Sinistro”, e o grande mestre Mateus Aleluia (que lançou novo disco solo recentemente – leia aqui) foi essencial na belíssima canção “Paô”. Além da dupla argentina Perotá Chingó na música “Morada”.

O disco possui sete faixas, sendo cinco delas inéditas até então. “Onça” foi gravado no Estúdio Índigo Azul em Maio/Dezembro de 2019 e tem gravações adicionais feitas no Estúdio Matraca por Pedro Vinci. É um lançamento pelo maravilhoso Selo YB MUSIC.

Onça” reverbera a alma, os sentimentos, a essência de ser mulher. Tudo ainda é amplificado pelas sonoridades que se entrelaçam perfeitamente com a tônica do disco e fazem a gente assimilar tudo isso de forma afetuosa sem perder o significado.

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