
“3” é o nome do terceiro disco da cantora curitibana Juliana Cortes.
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Canções da terra, da nossa terra, quase sempre devem ter um quesito indispensável: percussão. Sempre que penso em coisas que são a cara do nosso país, isso quase sempre vem à cabeça. Em “3” ela já vem logo de cara. “Cores do Fogo”, canção de abertura, nos faz sentir com os pés no chão, com o corpo sendo levado em direção à natureza e com a alma, aos poucos, mais leve.
Mas depois dessa experiência que a faixa de início nos proporciona logo pensei que seria essa a linha desenhada para o disco. Engano meu. “Andorinhas”, a segunda música, vem como uma enxurrada de acordes e melodias comandados pela rabeca, criando timbres que me lembraram muito as canções do mediterrâneo, mas mesclando com uma sonoridade urbana e moderna.
Na terceira música mais uma surpresa. Agora é samba-MPB-bossa nova. Algo entre Maria Rita e Tom Jobim. As notas são leves, dançam e se embaralham no ar, em nossos ouvidos e em nosso coração. Mas o destaque para mim foi o contrabaixo, aparece meio tímido sim, mas foi essencial por todo o caminho da canção.
E a cada música, uma a uma, você vai sendo arrebatado. Nenhuma é igual a outra. É uma diversidade absurda. Vocês não sabem como eu amo discos que são distintos em suas canções.
A quinta faixa também é outra obra magnífica. A sensação que “Terra Plana” transpassa é a mesma que ouvir Ná Ozzetti cantando sob um arranjo de Wagner Tiso. Juliana Cortes e Davi Sartori foram estupendos nesta canção.
Além do disco, Juliana Cortes lança também um minidoc da residência artística promovida por ela e dos bastidores das gravações.
Assista ao Minidoc
O Disco
“3” conta com participações especiais de nomes consagrados como Airto Moreira – um dos percussionistas de jazz mais importantes do mundo –, em “Terra Plana”, e Pedro Luís, em“Cores do Fogo”, artista de múltiplas presenças na história da música brasileira e carioca.
Completam o time de participações representantes da nova geração como Érica Silva – baixista da banda Mulamba que participa de duas faixas do álbum, Estrela Leminski, uma das poetas convidadas para a escritas das canções e Rodrigo Lemos, o Lemoskine, compositor e vocal da faixa que batiza o trabalho.

O disco tem concepção artística e direção geral da própria Juliana Cortes e produção musical de Ian Ramil, além de mixagem de Fred Teixeira e masterização por Maurício Gargel.
Uma viagem para dentro. Dentro das sonoridades robustas, dos timbres variados, das harmonias em consonância, das sensações em nosso corpo. “3” é floresta, mar e cidade. Ar puro, leveza e solidão.
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