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Resenha – Álbum | Dulcineia

“Dulcineia” nos faz sentir como um grão em meio a imensidão, sendo levados pelas brisas do cursor da vida. Leve, doce, encantador, este disco é puro deleite para este ano tão desassossegado.
Foto divulgação por Luiz Wachelke

Dulcineia” é o nome homônimo do disco de estreia do duo fluminense formado por Tiago Soares e Gabriel Silva.

Uma leveza extraordinária e arrebatadora nos leva, logo no início, para outro universo. Cada pequeno detalhe da canção “Turmalina”, que abre o disco, é pura beleza: a sonoridade que flutua suavemente e penetra os ouvidos tão docemente, a afinação e a forma tão límpida de cantar, as palavras, as rimas, a mensagem. Que música fantástica!

Sabe aquele momento que você ama? Aquele onde está completamente envolvido pelo ambiente, relaxado, com a cabeça tranquila. Se esse momento tivesse uma música ela seria “Turmalina”.

Eu gosto muito quando músicas excelentes são a primeira faixa de um disco, isso, além de trazer uma ótima sensação, nos faz sentir uma vontade absurda de ouvir todo o resto. Algumas vezes já me deparei com álbuns que a canção que eu gostei foi apenas a faixa um, mas ainda bem que em “Dulcineia” não foi assim.

Ouça a canção Turmalina

A cada nova canção é como um novo abraço. O abraço tão esperado de alguém que você gosta bastante, mas não vê há muitos meses. Carinho e afeto se estendem por essa relação entre a sonoridade das músicas e nossos sentimentos, nossos amores, nossas dores.

“Dulcineia” é também uma ode à natureza. Por diversas vezes ao longo do disco percebemos uma acerta adoração e admiração por ela, por sua beleza, força e capacidade de se transformar e reverberar sua importância e influência em nossas vidas.

O disco percorre a MPB, várias fases dela, mostrando como este estilo foi sendo mutável ao longo dos anos, passando por um pouquinho de Clube da Esquina e mais um tanto de Marina Lima. Mas além do que envolve a música brasileira, o duo Dulcineia trouxe referências de pop, synthwave, dream pop, folk e até maracatu.

O Disco

Capa do disco

O trabalho homônimo, lançado pelo selo Cantores Del Mundo, tem produção assinada por Guilherme Marques (Duda Beat, Qinho, BEL, Biltre) e traz em sua narrativa a vida dos cantores Tiago Soares e Gabriel Silva em seu relacionamento, tanto musical quanto romântico, ao longo de mais de uma década.

Dulcineia é o encontro de Tiago e Gabriel, é o renascimento de duas pessoas, é viver a poesia e mover tudo por vivê-la, é ser protagonista do épico da própria vida”, define a dupla.

Dulcineia” nos faz sentir como um grão em meio a imensidão, sendo levados pelas brisas do cursor da vida. Leve, doce, encantador, este disco é puro deleite para este ano tão desassossegado.

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Encontre o Duo:

Ouça o Disco:

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Faixa-a-faixa, por Tiago Soares:

01 – Turmalina

Recebi essa música da Rach Araújo num dia ensolarado para criar, adorei de cara e em pouco tempo estava com a primeira parte pronta. Amamos nossa primeira parceria! Um tempo depois, escrevi um poema que se encaixou como uma luva e se tornou parte dela. Essa música chegou pra mim num momento de intensa busca espiritual, de aprender e utilizar os conhecimentos humanos para me auto-conhecer, lançando mão de tudo que eu conhecia e sentia identificação para me ajudar nesse caminho da evolução.

02 – Rainha do Mato

Os encantos da floresta que sonhávamos em encontrar durante nossa vida na cidade se tornaram realidade e agora estamos morando em contato com essa mestra que nos ensina a cada dia. Comungar com a energia, com as plantas, com os seres, com a água pura da nascente, nos faz aprender sobre nós mesmos e sobre a nossa missão no mundo. Essa música é sobre saber ouvir e seguir os sonhos do nosso coração.

03 – Mergulho

O medo, esse antigo instinto da humanidade… nos faz ter precaução mas também pode nos paralisar. Essa música veio quase pronta do Camilo e sentimos uma identificação profunda. Estávamos largando nossos empregos para nos dedicar a DULCINEIA de corpo, tempo e alma! As poesias apareceram no momento da gravação, quando tivemos a necessidade de expressar o que estávamos sentindo naquele momento de desmonte político, que antecedeu a pandemia.

04 – Lua Negra

Nas viagens entre vídeos de astrologia encontrei a Lilith. Quis saber tudo sobre ela, vídeo após vídeo, conheci melhor a Lilith que habitava em mim e logo surgiu essa música desconstruída, profunda, escorpi-plutoniana, sobre a Lilith que habita em todos nós.

05 – Subindo a Serra

Foi como traduzimos a sensação grandiosa de vir morar na serra do RJ. Uma grande mudança na nossa vida e na maneira de compor e produzir a nossa música. Essa simplicidade mágica nos encantou e criamos uma peça épica a partir de cenas simples e cotidianas da vida aqui no interior.

06 – Outro Eu

Os espelhos cotidianos que nos deparamos durante o dia, todos os dias, nos refletem e nos confundem… mas são uma grande oportunidade de observarmos e entendermos mais através do que vemos e provocamos um no outro. Até o invisível e não dito passa através desse reflexo em intenções, emoções, energia…

07 – Mesmo Espaço

A ausência de quem amamos nos traz saudade, sensações de aflição e provoca reflexões, divagações que nos levam a lugares mil… assim foi feita essa música. Num período que ficamos 1 mês distantes fisicamente.

08 – Deixa Colorir

Um grito de liberdade para nos assumir como artistas gays. Dessa música nasceu a ideia de nos assumir como casal publicamente e deixar a verdade se expressar no nosso trabalho. A partir daí começamos a criar e nos manifestar muito mais livres com intenção de contar a nossa verdadeira história.

09 – Um dia de sol

O calor que nos faz querer viver a vida, ir pra água, faltar o trabalho para curtir o dia de sol num lugar maravilhoso e os encontros que temos ao sair das nossas rotinas para viver o que realmente queremos. Nem que seja por um dia de sol. Esses momentos são capazes de mudar a nossa vida para sempre!

10 – Café da Manhã

Sabe aquela declaração de amor meio acabrunhada? Um dia depois de uma briga? Assim nasceu essa música, de manhã bem cedo, depois de uma noite mal dormida, trancado na cozinha. Foi a primeira música que fiz para o Gabriel, a mais antiga do disco, composta em 2013. É como tudo começou e como fechamos o nosso primeiro disco.

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