
*Resenha escrita pelo colaborador Fernando Lodi
“Murais” é o nome do disco solo de estreia do músico português Hélio Morais.
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“Murais” é o projeto solo de Hélio Morais, baterista das bandas Paus e Linda Martini, que além de músico, também atua como agitador cultural no cenário musical português e agora lança seu primeiro disco com título homônimo. Para quem acompanha seu trabalho é fácil notar que está andando por caminhos diferentes dos quais trilha com suas bandas. Atmosférico, imersivo, tridimensional, existencial e intenso, talvez sejam formas de explicar um pouco o que está nesse disco.
Uma série de sonoridades de sintetizadores misturadas com reverbs e efeitos nas vozes, letras parte abstratas e em contra partida existenciais. Já os títulos das músicas “Benvindx” e “Acordadx”, em pronome neutro, ajudam a gerar identificação, deixando clara a pluralidade do trabalho.
“Murais” traz arranjos complexos com tons experimentais que vão de dinâmicas entre os lados dos fones até metais, como na faixa “Dentes Afiados” e os ruídos na canção “Benvindx” que lembram um disco de vinil ou uma fita cacete antiga que, mesmo sem tanta fidelidade, ainda continuamos ouvindo sem parar e participações que completam os vocais junto à voz de Hélio Morais, como Giovani Cidreira na faixa “Marialva”.
Veja o Clipe de Marialva
Um disco que, sem dúvidas, causa certa confusão de início, mas ao decorrer das canções conforta e passa uma sensação de nostalgia, principalmente na faixa “Oi Velho”.
Tentar passar uma visão mais concreta e menos abstrata talvez seja uma forma vaga de falar sobre essa obra, uma vez que parece ir além de rótulos e definições pré-concebidas. Expressão, lugar, encontro e mudanças, sensações em formato de áudio, por mais que existam aspectos parecidos entre as músicas, todas têm suas peculiaridades e personalidades.
O conteúdo não fica só em áudio, vídeos das faixas “Catatua”, “Até de Manhã” e “Não Sou Pablo, Nada Muda” já estão disponíveis no Youtube, começaram a sair ano passado, quando comecei a acompanhar e esperar pelo trabalho completo. E mesmo tendo um conhecimento prévio, por conta desse material já revelado, o disco continuou surpreendente.
O Disco

Benke Ferraz, conhecido no cenário musical independente brasileiro por integrar a banda Boogarins, atua como produtor. Sua relação com Hélio começou no Brasil, quando o músico português excursionou com a Paus e se sentiu confortável em mostrar a Benke as músicas que fez sozinho. Segundo Hélio Morais, a simplicidade nos arranjos foi algo presente, uma vez que de início queria melodias como plataforma para passar suas mensagens, coisas bem íntimas.
Acompanho a Linda Martini há alguns anos e por isso acabei conhecendo Murais, gostei desde o primeiro momento dessa atmosfera abstrata, experimental e intimista. Dar play e mergulhar nos detalhes desse disco é uma experiência ótima.
“Murais” é Hélio Morais (voz, teclados e bateria) com participações de Benke Ferraz (guitarra, sintetizadores e samples), Makoto Yagyu (baixo), João Cabrita (saxofones), Giovani Cidreira (voz), Xana (voz), Paes (voz sampleada) e Catarina Munhá (voz e violino).
“Murais” tem produção e mixagem de Benke Ferraz e masterização por Fábio Jevelim no estúdio HAUS.
O disco “Murais” chega interessante como já era esperado e ainda se mantém surpreendente mesmo com singles e clipes já lançados. Tentar ser concreto ao falar sobre o álbum é ser vago com o seu significado e a quantidade de elementos interessantes nesses 30 minutos de músicas.
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