Falei que talvez não estivesse aqui nessa semana mas cá estou. Então vamos ver os lançamentos sem enrolação. Partiu!
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Voo Livre (Álbum) – Papagaio Sabido

O segundo disco da banda Papagaio Sabido, “Voo Livre” é repleto de influências de diversos estilos musicais. A cada nova canção você se surpreende com a sonoridade que foi construída para ela, algumas são mais nítidas, como baião, samba, MPB e forró, mas outras estão menos destacadas, como música latina e até um pouquinho de jazz.
“Voo Livre” realmente é voar, voar pela história da música brasileira, como se fosse um apanhado de grandes nomes da música brasileira, começando por Pixinguinha e chegando até Mestrinho, passando por Gonzagão e Carmélia Alves.
O disco, que começou a ser produzido em março de 2020, tem 12 canções inéditas compostas por todos os integrantes do grupo. As músicas refletem esse momento atual e trazem à tona temas como a liberdade, amor, respeito e gratidão, pinceladas por letras repletas de poesia construídas coletivamente, mesmo que a distância. Questões sociais como o preconceito, o racismo estrutural, a meritocracia e o respeito ao outro também são parte do repertório.
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Lado B (Compacto) – Hiroshima Bunker

“Eu só queria sair de casa e viver um ano que não aconteceu”.
A minha maior surpresa desse compacto com dois singles da Hiroshima Bunker foi a declamação de um texto-crônica que é um reflexo desse árduo ano de 14 meses que estamos passando, afinal de resto eu já sabia que seria bom. Conheci a banda faz alguns anos e era praticamente toda construída com uma sonoridade instrumental boa pra caralho, aliás, antes de eu fazer esse blog eu fazia resenhas de shows e uma delas foi da Hiroshima Bunker (leia aqui), e foi um show foda que me fez viajar demais. E a segunda faixa desse compacto me fez voltar a essa mesma jornada.
Agora com aspecto mais próximo do stoner do que do psicodélico, “Lado B” traz guitarras pesadas e timbres bem apurados, com distorções frenéticas que alternam em seus tons. A faixa tem uma condição mais suja, que se aproxima um pouco também do grunge, é como um passeio por camadas de várias derivações do rock.
O compacto é composto por “Você Nunca Esteve Realmente Aqui” (texto-crônica) e “Lado B” (instrumental). E você não pode deixar de ouvir o EP Galáxia de Infinitos, lançado em 2018.
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Pimenta (Clipe) – Abacaxepa

Gravado em parte na cidade de São Paulo – num quase pós-apocalíptico de ruas praticamente vazias (o que antes a gente achava que nunca aconteceria infelizmente aconteceu) – e outra parte em cenários em estúdio, o videoclipe de “Pimenta” é um espetáculo! As cores estão tão bem estabelecidas, sempre seguindo uma linha criativa.
O amarelo sépia da cidade de São Paulo combinando com o figurino de Carol Cavesso; o vermelho, cor mais características da pimento, “ornando” com, além do figurino, um cenário incrivelmente lindo em suas diversas tonalidades “rojas“. E não menos importante, a picância da pimenta verde também não foi esquecida no clipe.
Os detalhes das lindas maquiagens quase passam despercebidos mas, agora que você leu isso, com certeza irá reparar. Tudo. TUDO está incrivelmente lindo. Eu aguardei por muito tempo esse clipe e puta merda, valeu a pena demais.
A canção faz parte do álbum “Caroço” (leia aqui), primeiro da banda Abacaxepa, lançado em 2019. O clipe é dirigido por Bruno Mata e tem realização da BOTO com produção da 3K Films e produção executiva da DOX Produções.
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Stories Pra Boy Dormir (Single/Clipe) – Lau e Eu, Laura Lavieri e Dieguito Reis

Como já havia falado lá no Twitter essa semana, Lau e Eu, Laura Lavieri e Dieguito Reis entregaram TUDO! A canção é muito leve e extremamente gostosa de ouvir, traz aquela sensação boa sabe? Quase realmente pra dormir kkk. “Stories Pra Boy Dormir” é bem foda mesmo sendo um dream pop suavinho e com as rimas gostosas de Dieguito Reis. A faixa foi produzida em casa por Lau e foi mixada e masterizada pelo grande Léo Airplaine.
Na canção, referências contemporâneas e imagens poéticas evocam a nostalgia de um passado recente; ruínas do constante alvoroço tecnológico, os stories e a recompensa efêmera das curtidas são algumas das questões que constroem o ambiente temático da composição.
A sonoridade foi transposta em videoclipe por Anne Santoro do coletivo FauHaus, que também assina a capa e fotos promocionais. É um lançamento pela Matraca Records.
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Boicote (Single/Clipe) – Bruxa Cósmica feat. Luky Roh

Sabe aquelas músicas e artistas que são uma grande surpresa quando você para pra ouvir? A Bruxa Cósmica foi uma das melhores surpresas pra mim nessa semana. A artista trouxe para o single o Vogue Beat, estilo que descende da House Music e, em “Boicote”, ganha ainda ares de Grime.
Além de ser um manifesto subversivo e transgressor, a nova música dá voz à luta LGBTQIA+, ao corpo político e à ininterrupta perseguição aos grupos trans e homoafetivos. O clipe causa impacto à primeira vista e investe numa estética bélica, com vários simbolismos à política, sociedade, religiões de matriz africana e à representatividade LGBTQIA+.
O vídeo tem participação de inúmeros representantes do Vogue nacional, incluindo um verso freestyle de Luky Roh, um dos expoentes do estilo chant no Brasil. Bruxa Cósmica é Victórya Devin, dançarina, performer e compositora mineira. A própria artista foi quem dirigiu o clipe, fez o stylist, o figurino junto com Bassetuda e também fez a coreografia. A produção musical, mix e master do single ficou por conta de Lym.
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Veja o clipe:
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Ultraleve (Álbum) – Edgar

O brabo dos brabos tá de volta! O Afrika Bambaataa psy neon brasileiro.
Eu não tenho medo nenhum de falar – afinal opinião é opinião – Edgar é o melhor rapper do Brasil em disparado e um dos melhores artistas desse País, quiçá do mundo! O cara tem a maestria na hora de compor as letras, as sonoridades e no flow, e em todos esses quesitos ele se destaca imensamente. Ninguém é capaz de críticas tão profundas às mazelas da sociedade que vão muito além da violência e corrupção.
Mais uma vez Edgar se aprofunda ainda mais em temas como tecnologia, meio ambiente, religião e ancestralidade. Deste último, Edgar trouxe para o disco dois artistas incríveis: Elisapie, cantora e compositora iunk (primeiros povos habitantes do Alaska, Groenlândia e Canadá) na faixa “A Procissão dos Clones” e o rapper Kunumi MC (morador da aldeia indígena Krukutu, localizada na região de Parelheiros, São Paulo) na música “Que a Natureza Nos Conduza“. Ambos os artistas cantam em seu idioma nativo.
“Ultraleve” trouxe de volta a parceria de Edgar com o produtor Pupillo, que produziu o primeiro disco “Ultrassom” do rapper. Para complementar ainda mais as sonoridades deste álbum, o multi-artista paulista usou instrumentos criados a partir de lixo reciclável, algo que já vem fazendo há anos, não apenas com instrumentos, mas também roupas e acessórios. Edgar tem uma das cabeças mais criativas do Brasil.
“Ultraleve é uma maniçoba poética, demora mais de cinco dias no fogo da vaidade, com a panela cheia de água e empatia, cozinhando todos os sentimentos atravessados por um corpo negro em uma sociedade programada para o excluir e o matar”, resume Edgar.
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