
“Memórias do Mundo Real” é o nome do segundo disco da banda belo-horizontina Mineiros da Lua.
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Toda vez que lembro de Minas Gerais me vem à cabeça as montanhas e consequentemente o trem (ou maria fumaça), talvez muito por causa do “Trem Azul” e do Clube da Esquina. Mas um fato não posso negar, tenho um apreço por esse estado sendo nunca ter ido visitar, mas todos que conheço de lá são pessoas incríveis, quem sabe um dia conseguirei ir visitar e andar de trem.
Mas enquanto isso não acontece, acabei encontrando no caminho outra viagem incrível: “Memórias do Mundo Real”, novo trabalho da banda Mineiros da Lua. Quem me conhece sabe do tipo de música que eu gosto e de quais me fazem viajar, então já deve estar sacando a sonoridade deste disco, mas para você entender, e sentir o mesmo que eu, terá que ouvir.
Imagine você em um trem. Ele entra em um túnel e, a partir daí, você simplesmente não sabe para onde ele vai te levar. Alguns podem chegar até a lua, eu não cheguei especificamente a lugar algum, mas a viagem foi bem foda.
Assista ao clipe Nas Suas Mãos
Os sintetizadores dão o tom por todo o disco, ele é quem manda, dita o ritmo, compõe as camadas e sobrecamadas sonoras que contemplam todas as faixas. Entre os sintomas que ele proporciona estão: relaxamento, conforto, delírio, alucinação e frenesis que são puro devaneio. Os flertes com a psicodelia me deixaram em êxtase, toda a construção foi muito bem pensada e, pra mim, acertaram em cheio.
Indie, pop, eletrônico, experimental. Tudo isso aparece em “Memórias do Mundo Real”, sempre colocando o conceito do nome do disco em cheque: afinal, quando estamos ouvindo essas canções ainda estamos no mundo real ou estamos dentro de algum espectro acessando as nossas memórias mais esquecidas?
O puro deleite da fritação melódica e mais comedida em alguns momentos. Quem gosta de acessar lugares da mente que nem sempre é possível só imaginando solta o play em “Memórias do Mundo Real” e aproveite a viagem!
O Disco

Antes da música, o que mais me chamou a atenção na Mineiros da Lua foi a identidade visual deste lançamento. Já falei muitas vezes como isso é importante e que conseguir chamar a atenção com isso é primordial, afinal as pessoas primeiro veem a “cara” e só depois as músicas. Tanto nessa capa maravilhosa do disco e do single anterior, ambos assinado por Jovi Depiné, e no videoclipe da faixa “Nas Suas Mãos” (produzido por Diego Dutra), o trampo visual ficou incrível, é um belo modelo para usar como referência.
O disco conta com a contribuição da cena hip hop belo-horizontina com as participações da rapper Nabru, do rapper Pessa, além da compositora colombiana Aniya Teno, todos na faixa “De Peito Aberto”. Há ainda a colaboração de Helena Cagliare da banda catarinense La Leuca na música “Na suas Mãos” e do compositor chinês Jason Qiu na canção “A Torre”. Além disso, uma das faixas do disco, “No Caminho Pra Piedade”, é um conto musicalizado escrito por Vitor Borges.
“Memórias do Mundo Real” é um lançamento via selo Seloki Records e teve todas as canções compostas, gravadas e produzidas à distância pelos quatro músicos dentro da plataforma coletiva SoundTrap, que permite criar projetos musicais e compartilhá-los para que várias pessoas possam trabalhar nas faixas ao mesmo tempo, de maneira remota.
“Memórias do Mundo Real” é um remontado sonoro de memórias e referências musicais que formam um mosaico muito bem encaixado, onde a Mineiros da Lua conseguiu nos levar para viagens que nem sabíamos que éramos capazes de fazer.
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