
É o carro das mini mini notas de lançamentos da semana passando na sua rua com lançamentos fresquinhos da música independente brasileira. Seja um consumidor, gostoso demais!
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Cansei de Continuar Fingindo Que Eu Sou Normal (Single/Lyric Video) – Lisergia Tropical

Abrindo o caminho com uma musicalidade incrível, o primeiro single do projeto Lisergia Tropical, do músico Igor Kobata, já me ganhou logo no começo. A sonoridade da canção realmente traz a referência do nome do projeto: uma música tropical com um pouco de samba e bossa nova e a lisergia das guitarras e do teclado. Que música boa! Sabe aquelas que quando você ouve te toma por inteiro rapidamente? “Cansei de Continuar Fingindo Que Eu Sou Normal” é exatamente assim.
O single traz teor altamente político e trata das dificuldades em ser brasileiro no momento em que vivemos, tendo que encarar pessoas próximas estando no lado oposto ao nosso. Até que uma hora cansa, e Lisergia Tropical transformou esse cansaço em música.
Inicialmente, o projeto era para ser uma banda de quatro pessoas, mas devido à pandemia Igor optou pelo ser solo. Mas para este single e para as outras canções que irão completar seu primeiro EP, que tem previsão de lançamento para dezembro de 2021, o músico contou com a ajuda do produtor Jackson Pinheiro e do baterista Raphael Eskerda.
“Cansei de Continuar Fingindo Que Eu Sou Normal” vem acompanhado por um lyric video produzido pela iÁ Estúdios e já conta com quase 17 mil visualizações quando terminei de escrever isso.
Solta o play nesse sambarockpsychtropical!
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Ora Iê (Single/Clipe) – Kimani

A terra é tudo o que nos acerca. Nossa raiz é de onde viemos. Nossa arte é a forma que decidimos mostrar nossa ancestralidade ao mundo, fazendo reverência ao passado, agradecendo e mostrando que não vamos abaixar a cabeça. Tudo isso eu senti nos primeiros segundos da canção “Ora Iê”, primeiro single de Kimani, cantora e poeta cria das batalhas de Slam.
O Slam já não comportava mais o talento de Kimani, então a música foi o caminho para continuar sua expressão artística também através dos sons, e não apenas das palavras. A música é um claro registro da cultura afro-brasileira, misturando mpb, samba, toques de percussão e muita poesia. “Ora Iê” é um registro, um canto com vestígios ancestrais e um convite à mergulhar no divino em tempos tão secos como os quais estamos vivendo. Em tempos de seca, Kimani faz da música água e reza àquela que é mãe das águas doces e dos filhos de fé.
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Antes do Dia de Fato Começar (Single/Clipe) – Diego Tavares

A tranquilidade, a calmaria e os leves acordes da canção “Antes do Dia de Fato Começar” nos transportam para um mundo repleto de conforto, como se fosse um gostoso abraço.
Após estreia em maio com “Dança”, o cantor e compositor meio carioca meio paulista Diego Tavares trouxe essa sua segunda canção que passa uma linda mensagem sobre amor e afeto, aflorando o romantismo como tema principal da canção. O artista usou o próprio cotidiano como matéria-prima para reflexões sobre os problemas da vida e as diferentes formas de lidar com eles. Musicalmente, a faixa começa no estilo voz e violão e vai crescendo até chegar a um inesperado clímax quase catártico no segundo refrão, com a adição de sopros, bateria, guitarra e baixo. Faz pensar em Beirut ou Los Hermanos.
A faixa “Antes do Dia de Fato Começar” foi gravada no Trampolim Estúdio com produção e mixagem de Fabio Barros e masterização pelo londrino Pete Maher. O vídeo que acompanha a canção foi filmado e editado por Bruno Marques.
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Solstício de Inverno (Single/Clipe) – Ellivê

Uma mistura de indie e folk já toma conta do início da canção. Você acaba não sabendo muito bem o que vem depois, mas essa surpresa é ótima. “Solstício de Inverno”, segundo single da carreira do músico piauiense Lucas Victor, de nome artístico Ellivê, percorre os caminhos da música indie colocando os pés também no rock e lo-fi. A faixa traz ótimos arranjos que lembram algumas canções nacionais das décadas de 80 e 90.
“Solstício de inverno” é uma canção sobre amor, mas principalmente sobre o medo de perder a pessoa amada. E mais do que isso, trata sobre um eu-lírico que acredita na chegada de um período de renovação, renascimento, da sua relação com a amada. No vocal foi criado um efeito de chorus natural através da gravação de camadas de voz. Incluí, ainda, elementos de orquestra, como violino e cello, além do piano.
A canção teve produção musical, mixagem e masterização por Igor Barreto (A Casa Estúdio) que também tocou guitarra, baixo, violão e bateria. Já Ellivê, além de compor e cantar a canção, também tocou piano, fez a orquestração e efeitos de ambiência da faixa.
O videoclipe, lançado junto à “Solstício de inverno”, tem direção e roteiro por Ellivê e João André. Filmagem, direção de fotografia e edição por Thiago Ribeiro (Noah Movie) e Ellivê e Maria Clara Fernandes no elenco, além de Beatriz Ribeiro (assistente de filmagem), Bia Magalhães (direção de figurino) e Letícia Lustosa (Maquiagem).
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Coisa da Minha Cabeça (Single Triplo/Clipe) – Sérgio Wong

Tropicalismo lo-fi com uma sonoridade um pouco suja e granulada abre os caminhos do single triplo, quase EP, do músico paulistano Sérgio Wong. “Coisa da Minha Cabeça” é uma canção que passa rápido, pouco mais de dois minutos, mas na mesma velocidade que passa ela nos leva junto para acompanhar os arranjos simplórios mas muito bem escritos. A segunda música, “São Paulo”, já é mais melódica e traz uma lírica que reflete sentimentos confusos e pouco claros, englobando também a metrópole cinza.
“O Ar”, faixa que finaliza o single triplo, já tem uma cara mais leve, com arranjos próximos a bossa nova e mpb, fazendo um grande contraponto à primeira canção. Da mesma forma que aconteceu no disco “Privado”, lançado por Sérgio Wong no final de 2020, este trabalho também foi feito 100% pelo artista. Aliás, as três músicas foram gravadas antes mesmo das faixas que entraram para o disco.
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Mixtape #1 (Mixtape) – AK’HIM

A arte de usar samples. Muitos rappers usam, muitos não sabem usar, alguns usam muito bem e alguns parecem ser mestres em usar. AK’HIM mostrou manjar pra caralho de samples e isso fez sua primeira mixtape solo ser um dos trampos mais fodas de rap lançados em 2021. Logo na “Intro” o sample é um puta destaque, já nos colocando no universo onde se construiu toda a história do hip-hop mundial.
“Mixtape #1” funciona muito bem como um retrato da história de AK’HIM, pois as faixas percorrem seus medos, delírios, sonhos e anseios. Mas além disso, ao ouvir, tive a nítida sensação que esse trampo também é como uma homenagem e reverência a grandes músicos que construíram a história do rap e hip-hop no Brasil. Pra mim foi impossível não associar as canções com os trampos de Rodrigo Ogi, Sabotage, Racionais MC’s, Thaíde, Criolo e De Leve.
Entre os samples temos beats conhecidos de Aphex Twin, MF DOOM, Madlib, todos ambientados no universo onírico, distópico e divertido do Jay Electronica da Vila Mazzei e, não menos importante, um trecho de Um Príncipe em Nova York: “Quando pensar em lixo, pense em Akeem”.
“Essa pandemia trouxe muita parada ruim pra todos nós, tá sendo foda segurar a barra psicológica que é viver numa distopia e ver que isso não tem charme algum. E nesse período de se ver sozinho consigo mesmo encontrei, como sempre, o meu conforto na música. Não só ouvindo, mas produzindo e escrevendo. E em meio a tudo isso foi nascendo uma mixtape solo, inspirada no universo das mixes que são o alicerce do movimento hip-hop. Escrevi algumas rimas, garimpei muito sample, escolhi beats e convidei uma galera pra me dar uma força nesse corre”, conta AK’HIM.
E no time que ajudou a colocar essa mixtape na rua, AK’HIM contou com mixagem de Mudd Rodriguez, a lenda do underground Zorack, a incrível cantora Larissa Nunes, a montagem e introdução do experimental raecae, e os riscos são do excelente DJ Batata Killa.
“Vida longa a porra do rap!”
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