Lançamentos resenha

Amaro Freitas é indiciado pelo STJ (Superior Tribunal do Jazz) pelo disco Sankofa

Após lançamento do disco “Sankofa”, Amaro Freitas é indiciado pelo STJ (Superior Tribunal do Jazz) por tocar tão agressivamente que está levando pianos à combustão.
Foto divulgação por Jão Vicente

Algo está sacudindo o mundo do Jazz. Desde a sexta-feira (25), após Amaro Freitas lançar “Sankofa”, seu terceiro disco, surgiram na grande mídia diversas reportagens dizendo o quanto o álbum é incrível e maravilhoso. Mas um burburinho vem crescendo na internet, principalmente em uma rede social que não irei revelar o nome, com declarações alarmantes dos instrumentos que participaram da composição do disco.

O Polvo Manco, que tem compromisso com a verdade, buscou mais a fundo, foi atrás da notícia, investigou e traz EXCLUSIVAMENTE para você um dossiê com informações do que realmente aconteceu durante as gravações de “Sankofa”. Vocês ficarão chocados com os depoimentos que conseguimos dos instrumentos que presenciaram TUDO!

Obs: os nomes dos instrumentos foram trocados para manter o sigilo e segurança deles.

O STJ (Superior Tribunal do Jazz) recebeu diversas denúncias de instrumentos que participaram da gravação do novo disco “Sankofa” do músico pernambucano Amaro Freitas, algumas tão graves que o tribunal decidiu abrir uma investigação sigilosa, porém não tão sigilosa pois tive acesso a algumas informações e eu mesmo fui atrás de investigar. Um dos relatos que constam nos altos e que apresentamos nesse dossiê é que “Amaro Freitas, durante as sessões, tocava tão agressivamente o piano George (nome fictício) que ele começou a entrar em colapso”. Isso é chocante!

Os Depoimentos

Fomos atrás do delator da situação, vamos chama-lo de Jefferson, um dos instrumentos presente nas sessões, este é seu relato:

– “Foram dias difíceis demais, eu não estava mais suportando ver tudo aquilo. Eu estava ao canto, não sendo usado, graças a Armstrong, e vi, por diversas vezes, Amaro Freitas ser muito cruel com diversos pianos, ele os tocava tão forte, tão rápido, com tanta técnica que me causou um espanto gigantesco, nunca tinha visto aquilo. Coitado do meu amigo George”.

Além de Jefferson, Maikão, um dos instrumentos mais antigos de um dos músicos que foram pro estúdio com Amaro, nos contou que não foi a primeira vez que viu esse tipo de coisa acontecer:

– “Não é a primeira vez que Amaro Freitas faz isso com nossos amigos pianos. Faz quase uma década que presencio esse tipo de coisa, mas chega uma hora que não dá mais. É cruel, acho que nem o piano de Keith Jarrett passou por isso”.

Não satisfeito, perguntei ao Maikão o motivo dele ter falado sobre isso só agora:

– “Eu sempre tive medo de retaliação, de ficar encostado no cantinho e nunca mais ser usado, isso é a pior coisa que pode acontecer com um instrumento. Nunca aconteceu nada comigo pois não sou um piano, mas uma hora não dá mais pra ver tudo e ficar calado. Conversamos entre nós (instrumentos) e decidimos falar, ainda mais que agora, com esse disco “Sankofa”, ele está sendo elogiado e idolatrado, e os pianos, que são vítimas, estão no esquecimento total”.

A cada novo relato era impossível não ficar comovido e estar ao lado dos pianos nessa história, afinal Amaro Freitas ousou demais, colocou muita velocidade e tanta fritação nas músicas que nossa, deve ter sido complicado segurar essa barra.

Mas o relato mais chocante é de Amarildo, um dos pianos usados por Amaro Freitas nas gravações. Amarildo, que não aguenta mais essa situação, pediu para ter sua identidade revelada, afinal ele já diz ter sofrido muito e não ter mais nada a perder. Além disso, eles nos conta:

– “Eu vi TUDO o que aconteceu com George, não vou esconder nada. Eu mesmo já sofri demais, estou há anos com Amaro Freitas em seus discos e shows, sempre sofri com sua forma brutal de tocar, mas nunca antes chegou a este ponto. Por algum motivo, para este disco em específico (Sankofa), Amaro escolheu o George, eu não o conhecia, e nem deu tempo de ver de onde ele veio, mas era jovem e alegre e parecia bem feliz por estar ali. Mas…” (Amarildo engasga, seus olhos cheios de lágrimas e sua garganta já seca o impedem de falar).

Depois de uma pausa, Amarildo se sente menos mal e continua:

– “Como disse antes, George parecia feliz, mas não sabia o que iria acontecer, eu também não sabia, nunca tinha visto antes. Vi George sendo tocado brutalmente na gravação de várias canções, e Amaro nunca parava, ele nunca erra. Mas quando chegou na hora de captar o áudio da música “Batucada” tudo aconteceu. Amaro Freitas começou tocando bem forte, mas logo entrou em transe, começou a acelerar e acelerar e a velocidade era surreal, uma fritação insana, como alguém podem ter mãos tão fortes, rápidas e com tanta técnica?”

Amarildo continua:

– “E foi assim, cada vez mais surrealmente rápido, George começou a tremer, tremer, e então as cordas começaram a estourar uma a uma e Amaro Freitas não parava, era tudo absurdamente rápido e o som que saía era insano. Eu fechei os olhos, não podia mais ver aquilo, mas podia sentir tudo. Até que ele termina, só quase um minuto depois eu tive coragem de olhar para George, ele estava morto!”

O então ex-piano de Amaro Freitas, Amarildo, já com a voz bem embargada, ainda me disse que após o ocorrido com George o colocaram no canto e foram até ele (Amarildo) e o levaram ao centro para finalizar as outras canções. Quando questionei o que tinha acontecido, o piano só disse que foi horrível, me mostrou suas cordas estouradas, mas disse que as músicas que ainda faltavam ser gravadas eram menos frenéticas, por isso ele não teve o mesmo fim do seu amigo.

– “Só o processo deste disco levou cerca de três anos para ser feito, com o trio (Amaro Freitas, Jean Elton e Hugo Medeiros) passando oito horas por dia, quatro dias por semana no estúdio”.

Amarildo permitiu que mostrássemos imagens dele sendo tocado por Amaro Freitas na canção “Sankofa”, que dá nome ao disco. Veja com seus próprios olhos do que esse homem é capaz:

Antes de ir atrás dos depoimentos, entrei em contato com o STJ (Superior Tribunal do Jazz) para saber sobre o caso, em nota me informaram que o inquérito havia sido instaurado, que estava em sigilo, mas que com os depoimentos e provas que haviam recolhido, a condenação era inevitável.

Antes de fechar este dossiê, me comuniquei novamente com o STJ (Superior Tribunal do Jazz) e fui informado que Amaro Freitas foi indiciado por “tocar tão agressivamente que está levando pianos à combustão”, mas não quiseram informar a pena.

Fora a questão jurídica, levantamos aqui a questão moral. Este homem, Amaro Freitas, merece perdão?

O Disco

Capa do disco por Acidum Project

Em seu novo álbum, “Sankofa”, Amaro Freitas busca ressignificar antigos signos e estigmas que seus ancestrais carregaram por muito tempo. Este foi um dos motivos que também decidi escrever esta resenha em formato conto/matéria jornalística investigativa, afinal, por séculos e até hoje pessoas pretas são criminalizadas por coisas que não fizeram, coisas de qual não têm culpa. Com este disco, e mais toda a sua obra, Amaro Freitas mostra que um homem preto nordestino que consegue escapar das garras do sistema só pode ser “criminalizado” por ser talentoso demais.

A história dos povos originários, das diversas etnias que ocuparam este território, de como somos plurais. O Brasil não nos disse a verdade sobre o Brasil. A história dos negros antes da escravidão é rica em filosofias antigas. Ao compreender a história e a força de nosso povo, pode-se começar a entender de onde vêm nossos desejos, sonhos e vontades“, reflete Amaro Freitas.

Sankofa é um símbolo Adinkra – conjunto de símbolos ideográficos dos povos acã, da África Ocidental -, que representa um pássaro com a cabeça voltada para trás. Quando Amaro se deparou com ele em uma bata à venda em uma feira africana no Harlem, Nova York – bairro que historicamente foi palco de grandes pianistas do jazz como Thelonius Monk e Art Tatum -, compreendeu a importância do seu significado e fez dele o conceito fundamental para o seu novo álbum.

Além de Amaro Freitas, ao piano, “Sankofa” também foi composto por Jean Elton (baixo) e Hugo Medeiros (bateria). O disco conta com patrocínio da Natura Musical, realização da 78 Rotações e parceria da gravadora inglesa Far Out, além de mixagem e masterização por Vinicius Aquino.

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