
“Odaléa” é o nome do primeiro disco da cantora baiana Persie.
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O indie brega está estabelecido. Depois de tantos artistas marcantes em cada um dos estilos, e alguns já juntando os dois, Persie vem com tudo para também entrar na parada e para, possivelmente, ser um dos principais nomes a puxar o bonde. Isso aí foi a primeira coisa que pensei ao ouvir “Caroço Coração”, canção que abre o disco e já nos puxa pra dançar num ritmo envolvente e com pitadas calientes. E essa construção sonora também vai para a segunda música, porém agora mais cadenciada, novos instrumentos percussivos e com uma cara um pouco latina também.
Ultimamente estou falando muito isso, mas é, aconteceu de novo. A surpresa, aquela surpresa de quebra de expectativa, quando você acha que as coisas vão seguir um caminho, porém o curso é mudado. E isso também ocorre em “Odaléa”, especificamente na terceira faixa, “Árvores“, quando efeitos começam a tomar conta da canção, sintetizadores criam um ambiente um pouco hostil, se olharmos para um lado de sonoplastia cinematográfica, e a música fica com um aspecto mais experimental, talvez tenha sido inspirado pelo o que diz a letra: “debaixo do pé de caju, debaixo do pé de graviola, debaixo do pé de umbu eu ia fumar um na madrugada, debaixo daquele coqueiro eu via o universo inteiro, e aquelas estrelas depois pareciam um grão de arroz“.
“Odaléa” faz bem o papel de um álbum bem estruturado e conciso, porém diversificado também. Ao mesmo tempo que traz aspectos do indie e do brega, muitas vezes ao mesmo tempo, a artista traz sonoridades mais eletrônicas, pop e industriais, não é à toa que Kraftwerk, Beach House e Prodigy também foram inspirações para algumas faixas.
Alguns singles foram lançados previamente, entre eles participações especiais de excelentes artistas do cenário independente, mas uma dessas canções achei um detalhe curiosamente interessante. A faixa “Saudade da Bahia”, que conta com a colaboração de Dieguito Reis, traz percussões de pagodão baiano, achei incrível essa sonoridade na música e ainda dialoga bem com a questão da saudades da Bahia, afinal é algo bem característico do estado.
Outra canção que também ganhou essa percussão, mas com uma roupagem misturando pop e brega, foi “Chácara Primavera” que veio acompanhada por um lindo videoclipe com direção de Thais Demelo.
Veja o Clipe de Chácara Primavera
Este disco dialoga com a vivência da própria cantora, que colocou nas letras o enredo de uma mulher que nasce no interior e migra para uma metrópole a fim de se encontrar nas entrelinhas dos anseios musicais. “Odaléa” é sua própria vida. Odaléa é a própria Persie.
“Normalmente me chamam por apelidos, mas como abordo as minhas memórias durante todo o disco, decidi expor o meu nome. Mais do que isso, também é uma forma de homenagear a minha avó, que também se chamava Odaléa. Ela foi uma cantora lírica e me ensinou a amar música desde a infância”.
O Disco

Para produzir o disco, Persie ainda contou com o suporte de Carlos Tupy (guitarra), Dreg Araújo (baixo), Dio Costa (bateria), Chris Kuntz (guitarra e sintetizador), entre outros músicos, além das participações de Tatá Aeroplano, Dieguito Reis e Luísa e os Alquimistas.
A obra tem produção musical de R3G4DiNhA N0 BE4T e AquaHertz, mixagem de Chris Kuntz e masterização de Iago Guimarães. Foi gravado no Estúdio Fiaca e é um lançamento pela Maxilar e Dale Produções Culturais.
Logo na estreia e com pouco tempo de carreira, Persie entregou o disco “Odaléa” muito bem amarrado, com ótimas canções e que é capaz de despertar sensações sonoras musicando suas vivências.
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