resenha Shows

Coala Festival 2022 | Como foram os shows do domingo (18), o Polvo te conta!

O Polvo te conta como foi o terceiro e último dia de Coala Festival que rolou no dia 18/09 no Memorial da América Latina em São Paulo. Com shows de Maria Bethânia, Black Alien, Rodrigo Amarante, Marina Sena.
Foto Coala Festival 2022. Foto por Felipe Andrade

Antes de começar a falar sobre os shows, quero contar duas coisinhas, uma interessante e uma revoltante. Vamos começar pela ruim. Duas garotas tentavam levar comida, água e energético para uma amiga que estava na grade, que não se sentia tão bem por causa do sol muito forte no domingo, tudo lotado e elas não conseguiam passar. Chamei os bombeiros, as meninas pediram para eles levarem os alimentos até a amiga que estava na grade, e simplesmente NEGARAM o atendimento, isso mesmo, a equipe de bombeiros falou que não podia levar os alimentos (que já tinham sido comprados) para e menina que não se sentia bem, isso foi extremamente revoltante, profissionais que não cumprem com a sua obrigação. Felizmente um rapaz que estava no acesso entre a grade e o palco se dispôs a levar os alimentos para a garota.

Agora a outra história. No domingo conheci uma menina que contou que veio de Manaus só para ver os 3 dias de festival, isso mesmo, veio sozinha de Manaus e sua atração mais esperada era Maria Bethânia. Coincidentemente, ela conheceu um rapaz que estava perto da gente que também é de Manaus (qual a chance?), só que já mora em São Paulo faz um tempo. E para terminar ela simplesmente chorou demais durante o show da Maria Bethânia, fortes emoções.

Novamente agradeço a minha amiga maravilhosa Catarina Lopes que topou encarar a maratona de fotografar os shows para o Polvo Manco

Bora pros shows!

Domingo (18)

Chico Chico e Juliana Linhares – As Potências

Foto de Chico Chico e Juliana Linhares. Foto por Catarina Lopes

Novamente mais uma banda com a estética de camisas de times de futebol, Chico Chico e Juliana Linhares subiram ao palco num sol forte pra cacete, daqueles que atrapalham a visão. Iniciando o show com um mashup com Luiz Gonzaga, ambos os artistas mostram a potência de suas vozes, que a todo tempo se complementavam muito bem, sintonia incrível. Lembro deles cantando juntos no Festival Lula Livre que teve na Praça da República em São Paulo anos atrás.

Além da música de Luiz Gonzaga, a dupla também cantou Gonzaguinha, Chico Cesar e Rita Lee, além de músicas de suas carreiras solos, bem como a canção “Ninguém”, que faz parte do disco “Onde?”, de Chico Chico e Fran. Juliana Linhares simplesmente impecável e implacável com sua voz poderosíssima arrebatando a todos, inclusive e mim que nunca tinha visto a artista em cima do palco com tanta visceralidade.

Chico Chico é de uma simpatia incrível, aproveita todo o espaço do palco, não para um segundo, muito camarada até com os músicos, inclusive abraçando o roadie enquanto ele estava arrumando a percussão durante o show. O cantor ainda desceu do palco, na verdade pulou do palco, mais de 2 metros de altura, pulou a grade e foi cantar e agitar a galera lá no meio. Depois ficou perdidinho para voltar pro palco, afinal não tinha como subir, teve que dar a volta pelo backstage pra subir novamente, loucasso hdbdbdbbdbf

Quem perdeu esse show por preguiça se deu mal, não foi apenas um show, foi um espetáculo de primeira linha.

Nego Bala – O Fluxo

Foto de Nego Bala. Foto por Catarina Lopes

Nego Bala entrou no palco todo no kit e com uma balaclava de crochê na cabeça. O calor estava tão grande que antes de acabar a primeira música ele já tirou tudo. Além do calor do sol, o calor dos beats também aqueciam todo mundo. Eu ainda não tinha conseguido ver o show dele, tinha muita vontade e essa foi a oportunidade de ver (obrigado Coala).

Na terceira música do show entraram as bailarinas para dançar o funk envolvente de Nego Bala, que dominava todos os espaços e colocava todo mundo para agitar. No repertório as músicas do disco “Da Boca do Lixo” (2021), como “Paradoxo“, “Fumando do Verde” e “Cifrão In’Pé“, ainda fez homenagem a Sabotage e Elza Soares, cantou Chico Science e chamou MC João pra cantar “Baile de Favela”.

A energia do show fez muita gente que estava espalhada pelo memorial chegar mais perto do palco, e com 3 DJ’s comandando a mesa e mais Bruno Bruni mandando muito no synth, o show foi simplesmente incrível, o artista entregou demais e, além disso, mandou a real diversas vezes. Nego Bala falou sobre suas ideias políticas, de forma rápida pra não perder tempo, afinal como ele mesmo disse “eu vim aqui pra cantar” (aprende Alceu Valença). Também mandou a real sobre valorizar quem corre contigo e sempre exaltar e apoiar o talento de quem está ao nosso redor.

Show simplesmente impecável.

Marina Sena – A Esperada

Foto de Marina Sena. Foto por Catarina Lopes

Já era óbvio que este show estaria lotado e era um dos mais esperados de todo o festival. Marina subiu ao palco juntamente com seu quarteto de bailarinas que encantaram com as coreografias muito bem ensaiadas. A banda de apoio também foi um show, sempre com arranjos puxando a sonoridade pro reggae, em diversas vezes Marina Sena já disse que é apaixonada por reggae e que se pudesse faria todas as músicas com esses arranjos.

Simplesmente as pessoas sabiam cantar todas as músicas, mas não é tão surpresa assim, afinal Marina vem fazendo um sucesso monstruoso por onde passa. No repertório quase o disco “De Primeira” (2021) completo, inclusive “Amiúde”, minha música preferida do disco, ainda teve “Quente e Colorido”, canção de Illy que Marina participou – segunda vez que Illy aparece com música feat. no festival, tá aí um nome que pode rolar na edição 2023.

Muitos estavam vendo a cantora pela primeira vez nessa oportunidade, algumas pessoas me disseram que compraram ingresso somente para ver a Marina Sena e não se arrependeram. Tremenda simpatia no palco, a cantora dominou todo o espaço, conversou com o público, pediu pros fotógrafos tirarem foto dela com o público ainda durante o show. Manteve a voz afinada e no tom por toda a apresentação, mesmo quando deu risada enquanto cantava não saiu do tom, inclusive dançou bastante e manteve o fôlego o tempo todo.

Já na reta final, algumas canções levantaram ainda mais o público: “Por Supuesto” (com coro em uníssono), “Ombrim” (música da banda Rosa Neon) e “Pelejei”, música que fechou a apresentação. Esse foi o segundo show de Marina Sena que eu vi e gostei de ambos, só achei que nessa oportunidade ela poderia ter aproveitado bem mais as laterais do palco, como os dois artistas anteriores tinham feito.

Ao final do show, quase metade das pessoas que estavam na parte frontal saíram e acabaram dando espaço para quem queria ver Rodrigo Amarante chegar mais próximo do palco.

Rodrigo Amarante – O Puto

Foto de Rodrigo Amarante. Foto por Catarina Lopes

Sob uma sonoridade orquestrada e sons de água/cachoeira, bem na vibe de fim de tarde, Rodrigo Amarante subiu ao palco e com certeza foi a melhor escolha para tocar nesse horário junto ao pôr-do-sol. Abrindo a apresentação com a canção “Maré”, o sol acelerou e logo se escondeu ao redor dos prédios e finalmente o público teve uma folga do ardido calor que queimava a pele.

Fiquei com medo dos arranjos não serem tão compatíveis com o clima de festival, porém souberam muito bem fazer ajustes para que o clima fosse perfeito. Como pode uma pessoa ser simpática enquanto canta? Esse é Amarante. Mostrou simpatia inclusive quando houve problemas técnicos com o teclado e o baixo. Bom, essa foi minha primeira impressão, depois refleti a situação e percebi que ele ficou é muito puto com os problemas técnicos que ocorreram no show dele. Depois de “resolvido” esse problema, o show recomeçou, mas o som já não estava tão ajustado, principalmente do baixo que estava extremamente grave.

A qualidade da voz ao vivo é tão boa quanto em estúdio, muito potente, rouca e afinada, mas quando cantou em inglês, confesso que tive um pouco de dificuldade de entender, pareceu meio arrastado demais e bem próximo ao microfone, o que deu um aspecto de rouquidão maior e atrapalhou um pouco o entendimento.

Simplesmente, ao meu redor, muitos grupinhos conversando e atrapalhando a audição de quem queria ouvir o show. Apesar de ter muita gente próximo ao palco, as pessoas não se empolgaram tanto, e isso não tem relação com o show, que corria muito bem, talvez fosse o perfil de muita gente que estava por ali para ver algum outro artista.

A banda de Rodrigo Amarante é incrível, principalmente a tecladista que mandou bem demais e ainda tocou violoncelo maravilhosamente. Quando o artista assumiu os teclados, eu tive fé que ia rolar “Sentimental”, mas não rolou =\. Show do Amarante durou 10 minutos a menos que o disponível pra sua apresentação, é uma grande pena (acho que ele ficou muito bravo com os problemas e decidiu cortar um pedaço do show). No geral foi bom pra quem gosta do artista, tirando a quantidade de gente conversando ao meu redor.

Black Alien – O Valorizado

Foto de Black Alien. Foto por Catarina Lopes

Abaixo de Zero” não é apenas o nome do disco de Black Alien, mas também do clima frio que tomava conta do memorial antes do show do rapper, mas logo que ele entrou no palco tudo já esquentou com a galera gritando demais e mostrando o quanto esse show era esperado. Com músicas do seu último disco, extremamente aclamado, e com DJ Erick Jay comandando tudo, Black Alien mostrou muita simpatia e presença desde o começo do show, mas demorou um pouco para aproveitar todo o espaço e liberdade que o palco permitia.

Com muito flow e beats que ficaram inacreditáveis saindo das caixas de som, tudo estava extremamente foda. Mandou as mais românticas no palco todo iluminado de vermelho, cantou as mais antigas também, do disco “Babylon By Gus Vol. 1 – O Ano do Macaco” (2004), mandou a letra sobre as eleições e fez a galera agitar do começo ao fim.

Lindo demais o Coala Festival colocando Black Alien para tocar nesse palco do festival e num horário bem valorizado, muito importante para um artista com tanta história.

Discopédia – O Agito

Nyack, Marco e Dandan, o trio de DJ’s que comanda a famosa festa Discopédia comandou a galera pós Black Alien. Vários DJ’s dos intervalos dos shows foram transmitidos no telão do evento para o público, porém isso demorou demais para acontecer com a apresentação do trio, achei falta de respeito, além de toda a história, eles valorizam demais o trampo de discotecagem com disco de vinil. Mandaram o melhor set de DJ do evento com toda certeza e terminaram com a versão de Elis Regina para “Como Nossos Pais”, que fez simplesmente o festival todo cantar junto.

Maria Bethânia – A Impecável

Foto de Maria Bethânia. Foto por Catarina Lopes

A expectativa para esse show estava tremenda, tinha gente falando que estava até com a pressão baixa kkkkk. Logo na primeira música, “Gema”, já era possível ver lágrimas nos olhos de muitos ao meu redor, realmente a emoção arrebatou quase a todos, inclusive a mim, que chorei quando Bethânia cantou “Sampa”, e olha que essa nem é uma música do qual sou grande fã, mas toda a atmosfera do show me levou a isso.

No repertório, clássicas canções que Maria Bethânia cantou por toda a sua carreira e músicas de parceiros de décadas, como Roberto Carlos e músicas de seu irmão Caetano Veloso. A versão da canção “Cálice”, de Chico Buarque e Milton Nascimento, foi outro espetáculo, onde a banda fez novos arranjos que ficaram bem interessantes, aliás, até mesmo simularam o som de uma sanfona (fiquei olhando no palco mas não consegui encontrar uma).

Esta foi a primeira vez que Maria Bethânia tocou em um festival, e para ela um palco extremamente iluminado, aliás que palco mais lindo que o festival fez, amo demais. Mostrando uma voz impecável, não errou notas, não desafinou, mostrou muita simpatia, mas não aproveitou o palco todo, ficou bastante tempo parada e circulou bem pouco.

Já na reta final do show uma pane geral no palco, mas foi resolvido em 3 ou 4 minutos e Bethânia voltou para finalizar a apresentação colocando todo mundo pra dançar ao som de “A Filha da Chiquita Bacana” e, no bis, “O Que É, o Que É?“, de Gonzaguinha, pra todo mundo cantar junto “Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei, que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita!”

Impressões da organização

Como falei na última matéria, o festival foi dividido entre os dois lados do festival, um com palco principal, banheiros e venda de bebidas e o outro com palco secundário (onde DJ’s fizeram seus sets), banheiros, ativações de patrocinadores e praça de alimentação. Foi uma organização boa, porém deveria ter praça de alimentação perto do palco principal também, pois é muito tempo perdido de deslocamento – ida e volta – no meio da multidão pra tentar se alimentar.

Os preços das comidas e bebidas é sempre alto, o que é normal em festival, mas R$ 14 uma lata de cerveja e R$ 7 uma água já é exagero. Sobre os banheiros, utilizei apenas enquanto estava cedo, então estavam muito limpos, aliás esse é um ponto bem legal, não eram banheiros químicos comuns, eram banheiros feitos em containers e com assento sanitário de louça/porcelana (muito bons), ainda tinha local para lavar a mão e até espelhos.

Ao fundo, próximo aos banheiros, uma gostosa área de descanso com árvores, bancos e rede para a galera que estava mais cansada aproveitar e relaxar um pouco.

Na hora da saída, após o último dia de festival, houve grande muvuca, afinal muita gente queria atravessar para o lado da praça de alimentação para terminar de gastar seus créditos do cartão e houve um acúmulo gigante de pessoas atravessando a passarela (se tivesse praça de alimentação em ambos os lados isso seria diminuído). Outro transtorno foi a falta de informação sobre a devolução dos cartões (precisamos pagar 10 reais para ativar o cartão), tínhamos a opção de receber os 10 reais em dinheiro de volta ou trocar por uma garrafa de água (10 reais uma água, sabe…), faltou dinheiro nos caixas e aquilo foi gerando uma indignação nas pessoas. Acabei conseguindo pegar meu estorno e fui embora.

Apesar dos problemas (quem sempre haverá, afinal nada é perfeito), o festival foi incrível, sempre recomendei e continuarei recomendando o Coala Festival, que pra mim é sempre uma das coisas que eu mais aguardo todos os anos. Já estou ansioso para a edição 2023, só acho que não existe a necessidade de fazer 3 dias de festival, dois dias já está ótimo.

______________________________________________

Leia Também:

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: