Lançamentos resenha

A despretensão da ocasionalidade de “Foi Mal”, novo disco da Pelados

"Foi Mal" foi gravado em julho de 2021 no Orgânico Estúdio com produção e arranjos todos comandados pela própria banda. Participações de Laura Lavieri e Helena Zilbersztejn. O álbum é um lançamento em parceria de Matraca Records e YB Music.
Foto divulgação por Helena Zilbersztejn

Foi Mal” é o nome do segundo disco da banda paulistana Pelados.

“Bela, bola, bala, bule, bolo, bile, baba, bife
Bunda, balde, bonde, banzo, bisca, besta, lata de bolacha
Bole, bole, bufa, tranca, francamente bonequinha
Bilro, burguer, bic, miss
Come on babe, do want a kiss?
Vai voando pra Lisboa minha doce professora
Trás biroscas, um boulevard
E o autógrafo do Fernando Pessoa”

Se esse disco fosse uma estrofe de música já existente na cena independente paulistana com certeza seria essa estrofe. Simplesmente eu nem tinha ouvido o disco ainda, mas só de ver o nome das músicas não teria melhor definição que essa estrofe que simplesmente não define nada e parece só umas palavras soltas por aí.

Nessa despretensão da ocasionalidade da música em tom freestyle de palavras e sons, a banda paulistana Pelados apresenta seu segundo disco “Foi Mal“, um conglomerado de “que porra é essa? essa palavra nem existe! Isso é tão doido e tão bom que caraio, como pensaram nisso?”

Tudotudotudo misturado dentro de uma panela de pressão pra cozinhar um som fresquinho, mas que do nada ferveu e começou a vazar água pela tampa, fazer bolha na válvula, soltar vapor desenfreadamente, aquela barulheira, o fogão já todo sujo e você tem que colocar embaixo da torneira pra apaziguar a situação. É tipo isso, tudo ferve, parece sair do controle, mas tudo volta pro eixo.

Às vezes meio curtinho demais como quando você vê no Youtube como cortar a franja em casa e decide que é uma boa ideia e que você vai conseguir. Vai lá, campeão, não vai dar errado não, confia! Mas no contraponto das músicas curtas tem uma bem longa, assim como meu cabelo de preguiçoso que não corto desde 2018, afinal dá trabalho demais pesquisar referências e arramar é muito mais simples.

Veja o clipe da canção “mesmasmesmasmesmas”

Sobre o disco temos duas extremidades: gostar ou não gostar. Gostar médio talvez não entra em campo, assim como não dá pra estar meio grávide, ser Guarani e Ponte Preta, torcer pro Babu ou Manu Gavassi.  Não gente, eu não bebi quase uma garrafa de vinho verde sozinho antes de escrever isso não, blz? A coquinha gelada com certeza seria a melhor opção, mas aí não ia escrever depois.

O vai e vem dos (e)feitos sonoros mexem um pouco com os sentidos igual quando eu via o barco viking, no parque de diversão, quando criança e já me revirava o estômago só de olhar, simplesmente a sensação de lembrar disso ou de pensar em outras coisas que me fariam ficar no ir e vir ou girando já me faz mal, ainda bem que ouvir é muito melhor que sentir, né?

Aquele vizinho cuzão da makita (não é #publi, makita me patrocina) parece que passou no estúdio da Pelados em alguns momentos, pois a barulheira está presente em várias partes do disco. Mas nem só de doidera vive a juventude despirocada de São Paulo, tem momentos que a sensação de ralado de asfalto sai de cena e entra uma quase bossa nova de varanda olhando a puta vista de prédios fumando tabaco que todo mundo acha que é maconha. Quem está fumando? Eu, a Pelados ou os prédios?

É loucura loucura assim como ana maria braga sendo atropelada por um carro autônomo e ver a cara extremamente expressiva de louro josé que nem expressão tem. Mas “Foi Mal” também é picnic de cachaça no vão do masp no domingo a tarde, é 4h horas da madrugada no picles, como também é aquele pesadelo de ficar pelado na frente da escola toda.

O Disco

Capa do disco

Foi Mal” foi gravado em julho de 2021 no Orgânico Estúdio com produção e arranjos todos comandados pela própria banda. As participação especiais ficaram por conta de Laura Lavieri, na faixa “julho de 2015” e de Helena Zilbersztejn. A mixagem esteve a cargo de Lauiz, já Martin Scian foi responsável pela masterização. O álbum é um lançamento em parceria de Matraca Records e YB Music.

Vicente, integrante da banda, destaca a atmosfera dos dias de gravação como uma das mais importantes. “Ficou muito palpável no resultado final a alegria da gente ter conseguido compor e produzir música em conjunto, entre amigos, ainda no ápice do isolamento social. É algo que tentamos transmitir com essas falas espontâneas captadas por acidente durante a gravação que estão espalhadas pelo disco”, ele aponta.

Para a vocalista Manu, o álbum reflete também sobre traços do cotidianos e como eles reverberam na gente. “Existe algo que delimita a diferença na seriedade e na piada e maneiras despojadas de se falar sobre as coisas de todos os dias. Acreditamos que falamos sobre as mudanças da vida e de como somos afetados por essas transformações. Foi Mal é um disco muito honesto e cheio de verdades ridículas e doloridas. É sobre experimentar com timbres e com as possibilidades do estúdio, buscando uma forma de expressar a vontade de gritar em voz alta as coisas estranhas que sentimos”, conclui.

Pelados é Lauiz, Helena Cruz, Theo Ceccato, Manu Julian e Vicente Tassara.

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